Em um movimento que ecoa políticas protecionistas de seu primeiro mandato, Donald Trump anunciou tarifas de 25% sobre importações de aço e alumínio, atingindo países-chave como Brasil, México e Canadá. O resultado? Mercados em turbulência: Nasdaq pressionado, dólar em queda após alta inicial e temores de inflação global. Neste artigo, você vai entender como essa jogada geopolítica redefine o cenário financeiro, quais setores estão em risco e como traders podem transformar crise em oportunidade.
1. Detalhes das Tarifas e Alcance Global
Trump assinou uma ordem executiva reinstaurando tarifas de 25% sobre aço e alumínio, válidas a partir de 12 de março de 2025, sem isenções para grandes fornecedores como Brasil (2º maior exportador de aço para os EUA) e Canadá 115. Medidas similares foram adotadas em 2018, mas agora incluem:
- Padrões rigorosos de produção: Exigência de que o aço seja “fundido e derramado” nos EUA para evitar desvios.
- Retaliações automáticas: Tarifas recíprocas a países que taxarem produtos americanos.
- Foco na China: Apesar de representar apenas 1,67% das importações de aço dos EUA, Pequim é acusada de “inundar o mercado global” com produção subsidiada.
Impacto imediato:
- Brasil: Exportações de aço para os EUA (US$ 2,9 bilhões em 2024) podem cair 15%, pressionando empresas como Gerdau e CSN.
- Canadá e México: Responsáveis por 35% das importações de aço dos EUA, enfrentam custos que podem inviabilizar cadeias automotivas integradas.
2. Mercados em Turbulência: Nasdaq e Dólar Sob Pressão
Nasdaq: Techs na Corda Bamba
- Queda de 0,51%: Gigantes como Nvidia e Microsoft, dependentes de componentes metálicos, lideraram perdas. A Intel subiu 2,1% após anunciar parceria com a Huawei para contornar restrições.
- Risco de custos: Setores como semicondutores e automotivo enfrentam aumento de 15-20% nos preços do aço, pressionando margens de lucro.
Dólar: Entre Segurança e Ceticismo
- Queda de 0,73%: Após alta inicial, o dólar recuou para R$ 5,7859, refletindo ceticismo sobre o impacto real das tarifas e expectativas de retaliações.
- Ouro como refúgio: Subiu 1,8%, atingindo US$ 2.890/oz, enquanto investidores migram para ativos seguros.
3. Reações Globais e Riscos de Retaliação
- União Europeia: Prometeu “resposta firme”, incluindo tarifas sobre produtos como motocicletas Harley-Davidson e bourbon.
- Canadá: Criticou a medida como “injustificável”, destacando que 25% do aço americano vem de suas exportações.
- Brasil: Governo avalia diversificar mercados (ex: Ásia), mas setor siderúrgico local já pratica protecionismo, com taxas de 25% sobre importações.
4. Impactos Econômicos: Inflação e Desemprego em Xeque
- Inflação nos EUA: Estudos do Cato Institute projetam aumento de US$ 4,57 bilhões em custos para consumidores, com preços de eletrodomésticos e carros subindo até 12%.
- Desemprego setorial: Indústrias que usam aço (ex: construção civil) podem cortar 75 mil empregos para compensar custos, segundo o Peterson Institute.
- Paradoxo de Trump: Proteger empregos em siderurgias (8.700 criados em 2018) custou US$ 650 mil por vaga, onerando outras indústrias.
5. Estratégias para Traders em 2025
- Diversifique além da tech: Invista em setores defensivos como saúde (Johnson & Johnson) e utilities (NextEra Energy), menos expostos a tarifas.
- Proteja-se com ouro e prata: ETFs como GLD e SLV são hedge contra volatilidade.
- Aposte em commodities agrícolas: Soja e milho podem subir com retaliações brasileiras; considere ETFs como SOYB.
- Monitore o Fed: Se a inflação disparar, juros altos podem prolongar a pressão sobre techs. Palavras-chave: “paciente” (cortes) vs. “vigilante” (alta).
- Fuja de exposição excessiva: Reduza posições em montadoras (GM, Ford) e fabricantes de chips (TSMC).
As tarifas de Trump reacendem uma guerra comercial complexa, com riscos de inflação, desaceleração industrial e volatilidade prolongada. Para traders, a chave é adaptação: diversificar, proteger ganhos e aproveitar correções em setores resilientes. Enquanto o dólar e o Nasdaq navegam em águas turbulentas, metais preciosos e commodities agrícolas emergem como apostas estratégicas. Como diria Warren Buffett: “O mercado é um dispositivo para transferir dinheiro dos impacientes para os pacientes” – e, em 2025, paciência será o maior ativo.
Fontes Consultadas: Bloomberg Línea, Bora Investir, CNN Brasil, BBC, G1, Folha de S.Paulo, The New York Times, Fastmarkets.